segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Porto de abrigo


Dizem por vezes que sou uma "alentejana desnaturada", que "vendi a minha identidade", que "me lavaram o cérebro", que "uma pessoa nascida no sul jamais pode render-se ao norte"...enfim. Esses serão alguns dos pressupostos que alimentam a velha guerra norte-sul, num país com a dimensão e a população de uma cidade (como Paris, por ex.).

Ora...
Que tenho orgulho na cidade onde nasci,
que o branco imaculado da cal nas paredes me refresca a mente e me acalma os sentidos,
que as recordações de menina feliz se encontram em cada pedra que piso,
que a minha rua será sempre o meu berço,
que as noites mostram estrelas invisíveis de outros lugares,
que o sorriso meigo da minha avó me recebe...sempre,
que sinto um abraço envolvente ao chegar ao Alentejo,
tudo isso é verdade!

Mas...
O Porto é o meu abrigo...a minha escola de vida!
Deu-me força, deu-me garra, ensinou-me a lutar, viu-me crescer, fez-me mulher.
Neste pedaço de sonho, vivi os pesadelos que mais me agarraram à terra...que me fizeram raíz.
Adoro-lhe o cinza das calçadas, o casario em cascata, as pontes como elos, o Douro como um canal.
À noite, reflectidas no rio, de tão próximas, as duas margens namoram, unindo o norte ao sul, num abraço de luz.

E...
O brilho que me emociona, (e que temo perder) parece ter sido herdado dos olhos da minha mãe!

Foto de Daniel Cunha

1 comentário:

Carlos disse...

Olá

o Alentejo realmente é mágico com as suas terras vermelhas,o pôr do sol, lindo q me deixam louco , quero agarrá-lo quero ser seduzido pelo seu explendor....
enfim..mas tens razão o Porto tb para mim é lindo,com a cúmplicidade do Douro com toques de nostálgia e também de um toque de muitas e variadas cores que inspiram qualquer artista...
ah! e o mar,aquele amigo de desabafos e de esperança....
é lindo o nosso País.
Nunca deixes de te emocionar, aí reside a vida , e vive-a intensamente.


Ainda bem q acabaste os restauros...

bj